Esse conto foi escrito originalmente para participar de um concurso com o tema "Drama: Suicídio". Ficou um tanto grande, mas está assim como resultado de meu esforço em deixá-lo o mais comprimido possível. Bem, não foi baseado em fatos e então espero que entendam o texto como se fosse como qualquer outro conto.
Postagem Original em DouglasEagle
Minha vida está um caos.
Minha vida está em uma escuridão.
Minha vida está totalmente destruída.
Minha vida está morta.
Não tenho mais vida, disso eu tenho certeza. Talvez eu pudesse dizer que isso já começou em minha infância, quando eu perdi meu pai aos 3 anos de idade e descobri que minha mãe era uma prostituta, mesmo não tendo uma ideia definida sobre sua definição. Porém ela era diferente... Queria um futuro melhor para mim. Sempre me tratou como toda boa mãe trataria seu único tesouro. Ela havia me dado um anel, e por mais que eu achasse estranho, ela disse que esse anel significava a vida dela. Era feio e cinza e pesado, o chamei de Anel de Ferro. Eu não o uso no dedo, deixo-o em algum lugar da roupa, tipo um bolso.
Ela acabou morrendo aos meus 13 anos. Havia contraído AIDS e acabou morrendo cedo. Ela nunca comentou comigo sobre isso, achava estranho por ela sempre ficar muito ruim quando pegava um simples resfriado. Fui então recolhido pela Assistência Social, onde depois de dois meses, fugi de lá. Cresci na miséria e com sorte encontrei um emprego de carregador de caixas de peixes, cheirava tão mal que nunca mais sentia o cheiro daquilo. Fui promovido, de algum motivo que eu não fazia ideia, para organizador e mais tarde para sub-administrador da empresa. Até aí eu tinha uns 21 anos. O administrador via algo em especial em mim, diferente de todos que haviam na empresa. Dizia que eu tinha um dom, ou algo do tipo. Eu nunca acreditei nisso.
Depois de 3 meses após meu último cargo, empresa não ia bem mesmo, muitos se demitiram por uma doença que surgiu do mar, com motivo desconhecida. Essa doença era uma mutação da amebíase, os protozoários tinham o objetivo de matar o seu hospedeiro em poucos dias. Matou o administrador. Todos saíram de lá, por motivos de segurança e porque fomos forçados à abandonar o trabalho. Depois isso, aconteceu uma crise de altos impostos. Aconteceu, consequentemente, uma onda de saques. Fui roubado. Perdi quase tudo, mas o Anel de Ferro sempre esteve comigo, e mesmo assim, quem iria roubar algo assim? É uma peça feia demais para ser roubada. Grande parte da casa foi rouba, e pelos impostos, fui forçado à vender o que sobrava e comprar uma casa menor, um barraco, na verdade.
No meio dessa corrida para a sobrevivência, encontrei uma pessoa que mudou minha vida. Uma mulher. Eu a havia encontrado na sala de espera da prefeitura enquanto lia uma revista sobre emprego, sempre me lembro disso... Quando cheguei e perguntei se poderia ler a revista mais tarde... Ela tinha me perguntado se eu também procurava um emprego e eu disse que sim e contei que eu fui roubado... Aí começou um bate-papo que até esquecemos a nossa vez para reclamar sobre os altos impostos. Depois de pouco tempo com muita conversa, tornamos amigos e fomos avançando.
Soube que ela era uma médica e que ficou de plantão na época da doença. Ela nunca me disse porque acabou ficando desempregada, só disse que perdeu o emprego e sempre mudava de assunto. Sobre sua infância, normal, tem os pais e ainda dois avôs vivos, tem três irmãos e uma irmã. Viviam em um sítio até quando seu tio fez um acordo com o pai, de usar o terreno do sítio para construir um prédio, e em troca uma casa do mesmo valor e um dinheiro a mais. Ninguém queria sair do sítio, mas foram forçados à vender porque o tio dela estava de sacanagem e chegou a chantageá-lo com a mentira de que ele conseguia dinheiro vendendo drogas. Por algum motivo, ele vendia mesmo e foi forçado à vender o terreno. Se acostumaram com a nova vida morando na cidade. Depois de um tempo, cada um dos irmãos seguiram um caminho diferente e pouco se viam a partir daí.
Eu contei a ela sobre a minha história e mostrei o Anel de Ferro de minha mãe. Ela o achou bonito e que deveria usar no dedo. Eu disse que não, que eu queria protegê-lo, pois minha mãe disse que era a sua vida, mesmo eu não entendendo isso.
Minha vida estava então, contente, por ter encontrado uma companhia, depois de um longo tempo se virando sozinho. Tentamos reerguer nossas vidas juntos. Continuamos sempre conversando, até encontramos um emprego juntos, éramos carpinteiros, por mais que não temos formação ou feito algum curso em carpintaria, conseguíamos trabalhar direito e melhorando a cada dia. Praticamente crescemos juntos a partir daí, então.
Acabei descobrindo que ela era casada. Isso acabou com vários projetos à dois que eu tinha em mente. Eu perguntei pra ela, aos gritos, por que ela nunca me disse que ela era casada. Ela respondeu que fomos um pouco longe, mas sempre pensava que éramos apenas amigos... Mas que ela gostava de mim, porém dizia que “amava” o marido que tinha. Fiquei realmente petrificado naquela hora... Pensei em abandonar tudo o que tínhamos construído. Simplesmente eu desapareci. Segui outro caminho, saí da cidade.
Fiquei realmente desapontado, até aí eu já possuía mais de 27 anos, não me recordo muito bem. Passei aquela noite bebendo, bebi tanto que acordei em uma prisão. Logo fiquei livre, porque na verdade quem foi o bêbado que destruiu um carro não correspondia ao meu físico. Mas me pegaram por estar bêbado por perto do ocorrido. Eu não lembro disso.
Me fixei em uma outra cidade procurando uma nova vida. Aprendi melhor a arte da escrita e algumas outras matérias que se aprende na escola. Assim pude fazer cursos e mais cursos e se tornar uma pessoa digna de trabalho.
Me especializei em Literatura e Informática. Porém eu apenas escrevi por hobbie, até agora. Trabalhei e pude também trabalhar como professor, mas tendo pouco salário, fiquei mesmo por trabalhar em lojas. Acabei encontrando outras mulheres, mas nenhuma com um significado real...
Conheci uma pessoa que teve um certo interesse em mim. Na verdade, descobri que na verdade queria saber do meu segredo. O segredo do Anel de Ferro. Porque a única pessoa que sabe da existência do Anel era ela...
Conheci essa pessoa em uma Lavanderia. Uma moça. Ela havia oferecido em lavar minhas roupas. Agradeci e não aceitei, pois disse que eu guardava um segredo. No início só foi brincadeira, mas parece que isso causou uma curiosidade nela. Ela acabou tornando isso uma brincadeira frequente ou estava se tornando um fanatismo por tal segredo. Mas provavelmente uma brincadeira, ela sempre sorria. Mas eu já estava velho para essas coisas, já tinha mais de 34 anos, mesmo ela sendo bonita.
Até que um dia, resolvi contar para ela sobre o Anel de Ferro. No mesmo dia que eu resolvi contar, ela não estava na Lavanderia como sempre em toda quarta-feira. Perguntei para alguns sobre ela, me disseram que ela foi viajar. Perguntei para onde. Me disseram que era uma cidade que não ficava tão longe daqui. Acabei descobrindo que era a cidade onde cresci carregando caixas de peixes. Resolvi passar por lá, rever um pouco como o passado pode ter mudado.
Lá mudou muito, onde existia o meu primeiro emprego agora era um porto totalmente diferente, bem limpo, organizado, outra empresa. Acabei encontrando novas casas nos lugares onde morei. Realmente, lá mudou.
Acabei lembrando dela. Pensei em procurá-la. Eu mudei bastante fisicamente, então seria difícil ser reconhecido. Porém, por perto de sua casa, acabei encontrando a moça da Lavanderia, estava com uma cara um tanto triste. Perguntei o que fazia ali, porém ela me perguntou o que eu fazia ali. Eu disse que estava procurando uma pessoa que conheci quando era um pouco mais jovem. A moça me respondeu com o nome dela, da mulher que me fez embebedar e recorrer à outra vida. Eu perguntei pra ela o motivo do nome, com a resposta de ser a filha dela.
Então ela teve uma filha...
Então ela pouco se importou comigo...
Então ela simplesmente pegou o barco comigo pra estar segura?
Então não faço mais ideia...
Na verdade, a moça estava lá por causa do velório. O velório de sua mãe. Ela morrera hoje mesmo.
Acompanhei-a durante o velório. Procurei pelo marido, não encontrei. Fiquei sabendo que ele a abandonou um pouco depois de eu desaparecer do mundo dela, mas ninguém comentou sobre mim, por mais que eu tentasse fazer que alguns presentes falassem.
Um senhor que nunca vi andara em direção até a mim, me entregou um envelope amassado, dissera que era para mim e se juntou ao grupo de possíveis conhecidos.
O envelope continha uma carta...
O texto dizia até aí. Não havia marcas de possíveis cortes. Foi encontrado na beira de uma ponte, com um anel sobre o mesmo. O local estava bem protegido para evitar a separação dos dois objetos ou algo do tipo.
O corpo do homem foi encontrado nas profundezas do rio, junto a vários corpos de várias pessoas que se jogaram da ponte. Não foi encontrado a carta da suposta mulher.
O Anel de Ferro, como era chamado, estava com uma camada espessa de algum tipo de massa especial, que poderia ser facilmente retirada com um produto especial, logicamente.
A joia foi reavaliada após a limpeza.
Créditos para Terceiros
Banner: Anel, Ponte.
Consideração final padrão
No meu blog há um link para baixar o conto em pdf, pra quem prefere imprimir ou ler mais tarde ou qualquer coisa do tipo.
Última edição por DouglasEagle em Sex 22 Abr 2011, 08:05, editado 1 vez(es)
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