Bem, Até que a música os separe foi uma história que começou do nada, mas eu gostei e resolvi continuar.
Espero que gostem!
Enfim, o segundo capítulo postado!
Sinopse:
Jade é uma garota meio cansada de sua vidinha normal de filha de crentes, que não aprovam sua amizade com Angela, sua melhor amiga gótica. Após uma briga com seus pais, Jade vai com Angela assistir um show de uma banda chamada The Dead Generation, fato que mudaria para sempre sua vida, graças a sua paixão instantânea pelo guitarrista da banda...
Mas não será nada fácil os dois ficarem juntos.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 1
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Aqui! (em PDF)
Capítulo 2
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Bem, é isso...
Leiam e comentem! XD
Espero que gostem!
Enfim, o segundo capítulo postado!
Sinopse:
Jade é uma garota meio cansada de sua vidinha normal de filha de crentes, que não aprovam sua amizade com Angela, sua melhor amiga gótica. Após uma briga com seus pais, Jade vai com Angela assistir um show de uma banda chamada The Dead Generation, fato que mudaria para sempre sua vida, graças a sua paixão instantânea pelo guitarrista da banda...
Mas não será nada fácil os dois ficarem juntos.
Capítulo 1
- Spoiler:
Até que a música os separe
Capítulo 1 - A Geração Morta
Maldita seja a adolescência. E suas fases de rebeldia que me pegaram em
cheio. Estava decepcionada comigo mesma por estar nesse lugar.
A porta do clube Pandemônio estava cheia de adolescentes "estilosos". Punks e góticos, e mais variadas tribos. Minha amiga Angela estava tremendo de nervosismo ao meu lado.
-Você vai amá-los, Jade! Eles são lindos, tocam e cantam muito bem.
Principalmente o vocalista!
Bem, eu não estava interessada. Angela acabou me arrastando para esse ponto de encontro de roqueiros apenas para eu ver sua banda favorita tocar.
-Como eles se chamam mesmo?- perguntei, fingindo interesse.
-The Dead Generation! Já falei milhares de vezes! Você não está me ouvindo, né?
Sim! Acertou na mosca!
-Me desculpe, Ange. Mas você sabe que eu não curto essas coisas...- tive que falar a verdade. Bem, Angela era minha melhor amiga. Mas eu não combinava com seu gosto por caixões e caveiras. Nunca entrei em seu quarto com receio do que pudesse ver.
-Se não está a vontade, porque veio?-ela fez biquinho.-Queria tanto contrariar seus pais? Só porque me chamaram de estranha?
Só a lembrança me fez tremer de raiva. Briguei feio com meus pais, após eles tentarem me proibir de sair com Angela. Bem, eles tinham razão em chamarem de estranha. Quase surtaram ao vê-la, com seu vestido preto rendado e com várias
caveiras. Bem, Ange tem caveiras na presilha também. E no pulso. E no colar, um
grande morcego...
De qualquer forma, eu já tenho 16 anos, não sou mais criança e saio com
quem eu quiser!
-Não quero falar sobre os velhos,- eu disse. Angela sorriu.-Hoje, quero apenas me divertir com minha amiga!
Nós duas nos abraçamos. Enfim, a fila para o show começou a andar.
Dentro do clube, vários néons piscavam e me ardiam os olhos. Estava muito cheio, e o show ainda nem havia começado. Várias pessoas bebiam. Angela,
acostumada, me puxou até o local mais próximo do palco. Neste, os instrumentos
estavam expostos, esperando por The Dead Generation. Tomei um susto quando as luzes se apagaram, e todos gritaram ao mesmo
tempo.
-Lá vem eles!-Angela ia ter um infarto de felicidade.
Ao falar de rock, achei que iria testemunhar, logo de início, um monte de homens barbudos gritando feito loucos. Engano.
O show começou com uma música de fundo. Era estranha, uma mistura de
hip-hop com guitarra. Várias vozes. Enquanto isso, a banda entrava seguido de gritos da platéia.
Caramba, Angela tinha razão, os caras eram lindos! O primeiro a entrar era o vocalista, presumi pelo fato dele se posicionar no microfone. Ele devia ter a minha idade, seus cabelos eram espetados e negros brilhante. Sua roupa era toda rasgada, calça jeans e camiseta cinza, que continha várias escritas imitando pichações. Seguido vieram o baterista e o baixista, também jovens, com o cabelo longo e ruivo, grandes botas de combate, jeans preto e regata preta. E, por último, o guitarrista...
Esse era...especial. Não sei explicar, a aura dele era linda. Tinha presença. Fiquei hipnotizada. Tão jovem quanto os outros, cabelos loiros e delicadamente bagunçados; vestia jaqueta de couro também desgastada, e calças pretas. O que chamou a atenção foi o lenço que ele usava como máscara. Tampava seu nariz até o fim do rosto, lembrando um bandido.
Um lindo bandido.
Quando terminou o hip-hop, criou-se um momento de silêncio. E então
começaram a tocar. O som deles era incrível, um rock diferente de tudo que eu já vi. Era a agressividade da guitarra, mas com vocais suaves e delicados. Nerd como eu sou, entendia a letra em inglês.
"Você me disse, me ame enquanto estiver vivo
O que você espera que eu faça? Isso é a última cena de esperança?
Responda, responda, responda...
Eu não quero morrer, me de vida, de novo, eu não quero morrer..."
Agora eu que estava empolgada. Estranho como algo pode ser violento e
poético ao mesmo tempo! A bateria e a guitarra estavam em perfeita harmonia, o
baixo dava um toque a mais. A voz do vocalista era sublime. E o guitarrista...
realmente, ele era demais! Todos cantaram no refrão.
"Arma letal são seus lábios. Sua fragilidade me devora.
Vamos cantar de novo! Esse é o último pedido
Porque você não entende, não ouve meus gritos?
De novo... E o ódio vai embora...
Não me toque! Não toque meu coração!
Não mostre seu rosto, eu não quero morrer!"
Após o final da primeira música, perguntei a Angela, que já chorava:
-Qual é o nome do guitarrista?
-Heeim?!-ela estava viajando.
-O GUITARRISTA!!!!!
-Ah! Tá falando do Shinobu?
Shinobu? Isso que é nome estranho. Parece de mulher. Bem, seus traços são tão delicados que até parecem femininos.
Durante uma hora e meia, prestei atenção somente em Shinobu. Ele parecia
olhar para mim as vezes... Ou eu podia estar delirando.
Antes da última música, eles se apresentaram. O vocalista se chamava Raka, o baterista e o baixista (irmãos) se chamavam Akai e Sora. Bem, nomes estranhos, mas provavelmente são nomes artísticos. Eles se despediram tocando uma linda balada romântica. Na despedida, Shinobu tirou o lenço. Ele realmente era o mais bonito de todos, sua pele branca como a neve, nenhuma imperfeição. E, pela primeira vez, ele sorriu.
Angela e eu saímos com pressa do clube, quando os punks se agitaram para
uma nova banda de metal que iria tocar. Quando estávamos fora, Angela suspirou
profundamente.
-Demais, né? O que você achou? Já que você só ouve música clássica, achei que ia gostar de experimentar algo diferente...
Eu nem estava prestando atenção em Angela. Estava nas nuvens, pensando em Shinobu...
-Acorda!- Angela gritou.-Vamos ver se conseguimos ver eles saindo.
Fui puxada até os fundos do clube, onde centenas de fãs já os aguardavam.
Todas com presentes nas mãos. De alguma forma, fiquei triste por ter vindo de mãos vazias.
Assim que a porta se abriu, as garotas gritaram. Ok, eu também.
Eles estavam tão perto de mim, parecia um sonho! Todas as fãs avançaram
com seus presentes, e os músicos agradeciam com sorrisos.
Menos Shinobu. Aliás, esse não tinha nenhum presente. Todos avançavam em
Raka. Shinobu apenas andou reto...Vindo em minha direção.
-Ele está vindo para cá!-Angela se animou. Não precisava dizer, estou vendo! E por sinal, ficando nervosa!
O que é isso? Nunca tive tanto pânico assim! O rosto de Shinobu, sério,
olhando para mim me fez perder totalmente a cabeça.
E eu fugi. Ou pelo menos, tentei.
Virei-me para correr e sair dos fundos do clube, mas a pressa fez-me tropeçar e cair feio. Só senti minha cabeça bater com tudo no chão duro. Perdi os sentidos por um tempo, e só ouvia a exagerada da Angela gritando meu nome. Quando voltei a pensar, coloquei a mão na minha cabeça para sentir o tamanho do estrago. Senti algo quente, e quando forcei para olhar, era sangue.
Angela, fresca do jeito que é, logo fez que ia desmaiar. Fala sério, ela vivia dizendo que queria ser uma vampira!!
-Tudo bem, foi só um corte pequeno...-tentei conter o desespero de minha
amiga. Mas realmente, que droga. Além de uma bela dor, paguei o maior mico na
frente de meu astro do rock. Fiquei tão nervosa que a última parte de meu pensamento saiu alto:
-EU QUERO MORRER!!!!!!
-Fique calma, está doendo tanto assim?
A voz aveludada me fez pular. Não deu tempo nem de pensar "Será possível"; Shinobu estava ajoelhado ao meu lado, olhando preocupado para meu ferimento.
Acho que parei de respirar por uns segundos. Consegui até mesmo sentir a respiração de Shinobu no meu rosto. Parei totalmente, mas conseguia sentir meu rosto corar.
Quando "acordei", ele já tinha se afastado, e algo estava amarrado em minha cabeça estancando o sangue. Me emocionei ao notar que era o lenço que ele estava usando no show. Preto e com a estampa de um escorpião, me recordei.
Virei-me para agradecer, mas Shinobu já estava entrando em um carro onde
havia os outros membros. Ao me ver, ele apenas gritou.
-Fique com isso, mas vá logo a um médico!- e entrou no carro, que deu partida imediatamente.
Ok, isso foi surreal!
A primeira coisa que fiz foi puxar Angela, que observara a cena boquiaberta. Nunca tinha ido em um show, mas sei que as fãs provavelmente iriam me mandar assassinos para pegar esse simples lenço. Corremos por um bom tempo em silêncio, até que paramos cansadas. Olhamos uma para a outra, e começamos a gargalhar tanto que perdi o fôlego.
-Isso foi realmente legal- falei entre risos.
-Você é muito sortuda amiga!- Angela e eu paramos de rir, finalmente. Angela me abraçou de novo.-Feliz aniversário, Jade.
-Obrigada... Realmente, foi uma experiência!
-Realmente, eu não acredito- eu disse sozinha em meu quarto. Mesmo já tendo se passado três dias, ainda não entrava em minha cabeça aquele dia. Shinobu perto de mim era tão... relaxante...
Bem, é claro que tomei uma bela bronca de meus pais. Além de sair
escondida, volto sangrando. Passei no hospital na volta, já que Angela ficou me
atormentando. Eles não viram o lenço.
O lenço.
Eu estava como uma boba olhando esse lenço. Oras, é só um pedaço de pano! Porque eu estava tão emocionada? Provavelmente não o verei mais, mesmo eu tendo lavado e passado, não poderei devolvê-lo... Bem, acho que ele não gostaria do cheiro delicado do amaciante que usei...
Durante esses três dias, pesquisei várias coisas sobre The Dead Generation.
Eles se inspiravam em bandas japonesas de rock (por isso os nomes). De qualquer forma, eles ainda não são profissionais.O que é uma pena, concluí. O som deles é maravilhoso.
-Jade!! Está aí?!
Ah, meleca. Minha mãe, e meu pai parece estar junto. Como meu pais acham
que eu tenho o dom de tele transporte, não esperaram dois segundos para arrebentar a porta, desconfiados de que eu aprontava algo. Os olhos dos dois varreram o quarto, e petrificaram no lenço em minha mão.
-Jade Annafellows, o que é isso em suas mãos?- meu pai perguntou, com cara de que ia ter um AVC. Do jeito que estavam vestidos, estavam indo para a igreja. Sim, meus pais são religiosos obcecados.
-Um lenço, pai. Somente um pedaço de pano.
-Preto e com um escorpião??!!-ele gritou, ambos chocados. Revirei os olhos. Ele não gostou.-Isso é coisa do diabo! Aonde conseguiu isso??!!
-Pai, se um simples escorpião fosse símbolo do demo, as cidades do interior seriam o inferno, pois tem centenas deles- brinquei. Meu pai explodiu.
-Chega! Ficou muito tempo perto daquela garota estranha, o demônio possuiu você também! Você vai agora para a igreja, e vai ser exorcizada pelo padre!
-De maneira alguma!-gritei. Nem ferrando vou para a igreja para aquele velho pegar na minha cabeça e dizer um monte de asneiras.- Eu não tenho demônio nenhum no corpo. Isso foi um presente da Angela, apenas!
-Um presente do demônio!- minha mãe gritou. Caramba, que exagero!
-Escute bem, senhorita Jade. Nós vamos para a igreja rezar pelo seu bem.
Quando voltarmos, é bom ter sumido com esse item amaldiçoado. Senão, as coisas
ficarão feias para você! Entendeu?!- foram embora batendo a porta.
FALA SÉRIO!!!!!!!!
Se eles descobrissem que fui em um show de rock, fiquei pertinho de um
guitarrista, e, o pior, fiquei caidinha por ele, meus pais me internariam. Realmente, só há uma coisa a fazer. Não agüentarei mais isso por muito tempo.
Se eles querem provocar, que saibam que dois podem jogar o jogo da
provocação.
Rapidamente, me arrumei para sair. Peguei minha bolsa e joguei boa parte de minhas economias lá. Assim que eles saíram, saí em seguida. Quando voltassem,
teriam uma bela surpresa.
Depois de umas duas horas, estava voltando para casa, já com a minha
"surpresa". As pessoas na rua me olhavam estranho; a maioria, com medo.
Após uma viagem em umas lojas que Angela me falou, estava vestida como
uma gótica. O visual estava completo: Um vestido preto e rendado, com fitas
vermelhas, meia-calça com botas altas, cabelo solto e com um enfeite de caveira; um grande crucifico roxo balançava em meu pescoço. Levava uma bolsa com vários
morcegos desenhados. Para completar, eu estava usando uma sombrinha preta rasgada (sim, é totalmente inútil), acessório clássico dos góticos. O que meus pais pensariam ao me ver assim? Certamente não iriam querer mais que eu ficasse lá, fazendo com que eu fugisse de casa. Bem, é o que eu queria, e Angela já me ofereceu sua casa.
Chegando ao meu futuro-antigo lar, deitei-me no sofá relaxadamente, para
esperar meus pais. Para ilustrar, abri um exemplar do livro "Beijos de Vampiro: Laços de Sangue" e fingi estar lendo. "Como invocar um demônio" ficava na mesinha de
centro com um marca-páginas quase no final.
Não consegui segurar uma risada quando ouvi o barulho de chaves.
Concentração, Jade! Agora você é uma garota totalmente depressiva que quer se casar com um vampiro!
Ao me verem, a reação deles foi maior do que eu pensei. Minha mãe, que
segurava um frasco (provavelmente água benta) deixou esse cair, ficando de boca
aberta, e logo após começando a rezar. Meu pai, mais neurótico, caiu de joelhos e agarrou e cabeça chacoalhando esta, como em uma negação do que seus olhos viam.
QUE DEMAIS!!!
-O...O... O qu.....O que quer dizer...tudo isto, minha filha?- meu pai parecia querer chorar.
-Acho que o demônio me apossou por completo, papai.- brinquei, sorrindo. Os dois fizeram um som estranho, semelhante a um engasgo, e arregalaram os olhos.-
Bem, não vai querer uma garota infernal aqui com você, vai?
Antes que pudessem raciocinar, corri para o meu quarto arrumar as malas.
Bem, de um modo, estava triste. Realmente achei que meus pais, após eu ameaçar
fugir de casa, respeitassem minhas vontades e parariam de xingar Angela. Toda essa fantasia por nada. Notei que sou mais fraca do que pensei, já que meus olhos ardiam querendo chorar. Coloquei tudo o que eu tinha nas malas, de modo tão desorganizado que foi difícil fechar. Meus pais apareceram na porta de meu quarto, que eu deixei aberta. Ficaram mudos, eu de costas para eles. Só falaram quando notaram que eu já havia limpado todo o quarto, a mobília nua.
-Você...Vai mesmo, filha?
O QUE VOCÊ ACHA????!!!!!
-Sim,- respondi somente. Brigava com as lágrimas para contê-las. Meus pais ficaram em silêncio. Até que meu pai falou.
-Bem, é melhor você ficar um pouco longe de nós mesmo...Talvez se cure
ficando longe e sozinha um pouco...
Eu explodi.
-É só isso que vocês tem a falar??!! Sua filha está saindo, pode até dormir na
rua, e vocês ó se importam em manter seus umbigos longe de coisas pretas??!!-
comecei a chorar. Eles nem esboçaram reações.-Tudo o que eu queria é que vocês me respeitassem!!! Eu e minha amiga!! Vocês falam tanto de Deus, aposto que ele não teria tanto preconceito ou me deixaria sair!!!!
Essa atingiu eles. Antes que respondessem, peguei as três malas e corri. Para fora da casa, da rua, do quarteirão... Somente fugi. Não queria olhar para trás.
As lágrimas, que já eram muitas, aumentariam.
-Mas que droga- eu disse sozinha. Como pude esquecer que Angela ia viajar com a família dela? Ela ficou me enchendo o saco por dias... Agora estou aqui, de noite no meio de uma rua deserta, sem ter onde ir. Acho que terei que dormir na
praça.
Sentei-me em um hidrante e suspirei. Será que o Pandemônio estaria aberto?
De qualquer forma, duvido que conseguirei dormir lá dentro. Me arrependi
rapidamente por ter fugido de casa.
Tentava não olhar para as ruas noturnas, para não ficar com mais medo do que
já estava. Relaxe, você agora é uma gótica, um ser da noite. Não há nada com que se preocupar...
Ou há!
-Ah, meleca- eu disse alto, quando vi pessoas se aproximando. Três homens. Eles gritavam, brigavam e pareciam estar bêbados. E o pior: me viram.
Comecei a andar, fingindo não estar notando. Eles me seguiram. Caramba!
Quanta sorte. Apertei o passo, e eles imitaram. Eu estava em uma área que eu não
conhecia, então eu só entrava no primeiro buraco que eu via.
Fazendo isso, achei um beco sem saída.
Ok, agora estou ferrada. Os três dementes se aproximaram, rindo de mim e
assobiando.
-Não cheguem perto, ou então...-tentei ameaçar, mas não convencia. Eu estava tremendo. Lembrei-me do spray de pimenta que eu tinha. Mexi para pegar, mas lembrei: com a bagunça que estava minhas malas, eu nunca acharia o frasco.
-Não se assuste, vamos só brincar um pouco...
Eles estavam quase colados em mim. O que parecia ser o chefe do bando
agarrou minha mão.
-Me solte!Socooorro!!!!
Bem, alguém me socorreu. A cabeça do mané foi acertada em cheio com algo
que voou da entrada do beco. Este desmaiou na hora. Qual foi minha surpresa ao ver que o que o acertara era uma guitarra. Não uma simples guitarra... Eu já vi este modelo antes...
Sim, eu á vi! É a guitarra do Shinobu!
Olhei ao longe para conferir que eu não estava maluca. Lá estava ele, lindo como sempre. Shinobu e toda a The Dead Generation.
Os dois bêbados restantes avançaram no grupo. Gritei por "Cuidado!", mas
não era necessário. Fechei os olhos com medo da cena. Quando os abri, meus
atacantes já estavam desmaiados, e Raka se divertia pulando na barriga de um como se fosse uma cama elástica. Shinobu caminhava até mim, sua feição preocupada.
-Você está bem? Se machucou?
Não consegui responder. As várias emoções me fizeram chorar de novo.
Shinobu me abraçou, e ficamos ali por um tempo, o único som eram os risos de Raka.
Após a confusão, Shinobu se ofereceu a levar-me a sua casa. Sem pensar uma vez, aceitei. Os outros membros da banda foram embora de carro, dizendo estarem ocupados.
Eu e Shinobu não nos falamos durante todo o percurso. Sua casa era perto; em cinco minutos chegamos em sua casa.
-Não repare na bagunça, ok?-ele me pediu. Bem, era difícil não reparar. Sua casa era apenas quarto, cozinha a banheiro, e seu quarto se resumia em várias roupas jogadas no chão. Havia uma prateleira cheia de animes e mangás, desenhos japoneses. Muitos CDs de bandas que apareciam como "inspirações" quando eu pesquisava a banda dele. Três guitarras diferentes estavam penduradas na parede. Ele não tinha cama, e sim um futon, espécie de colchão que os japoneses usam. Sim, ele amava o país.
-Sente-se- ele me apontou uma almofada no chão em frente á mesa de
madeira. Ele sentou do outro lado. Shinobu estava bem diferente do que ele era no palco. Seu cabelo estava bem bagunçado, e ele vestia uma camiseta de moletom com escrita "Rock 'n' Roll". Bem aconchegado, eu pensei e ri mentalmente.
-Ah, aqui está seu lenço...- eu lembrei, e comecei a procurá-lo na floresta em minha mala. Não achei, e ele riu.
-Fique com você, eu tenho vários.É um presente.
Ele é realmente legal. Parecia um pouco malvado no palco, mas ele parecia bem gentil
-Obrigada por me salvar...
-Você não deveria andar por essas bandas tão tarde. Têm muitos pervertidos.
E, além disso, garotas lindas como você chamam a atenção.
Linda?! Senti meu rosto corar na hora. Ele se divertia com a minha vergonha. Bem, ninguém nunca me chamou assim.
-Bem, eu não tinha lugar para ir... Minha amiga viajou e eu....fugi de casa.-
Abaixei minha cabeça
-Hummm... Porque? Crise de rebeldia?
-Meus pais são uns trouxas, isso sim!- eu gritei com raiva. Ele gargalhou.
-Bem, quase todos são, mas prossiga.
-Eles são religiosos... Não aprovam minha amizade com Angela por que ela é gótica. Acham que ela é um demônio.
Ele riu de novo.
-Aquela garota que sempre vai nos nossos shows? O Raka a adora.
Se ela ouvir isso, vai surtar.
-Bem, aquele dia eu fui escondida no show... E hoje de manhã, meus pais
viram seu lenço.
-Você brigou com eles por causa dele? Desculpe, não sabia que ia te causar problemas...- ele se desculpou com cara de preocupado.
-Não se preocupa, não é culpa sua!! De qualquer forma, eu não agüentava mais, então me vesti assim- levantei-me para ele ver minha fantasia. Ele riu
novamente.- Bem, meu plano era que ao eu ameaçar fugir, eles me parassem e
tentassem me respeitar, mas...
-Eles gostaram da idéia?- ele adivinhou.
-Sim...- falei, derrotada.- Você também tem problemas com seus pais?
-Meus pais já estão mortos.- ele disse friamente. Me senti péssima.
-Me desculpe, eu não sabia..
-Não se preocupe. Eu nunca conheci eles, então eu não sinto saudades. Eles me jogaram em um orfanato assim que eu nasci. Quando eu tinha uns oito anos, fugi daquele inferno.- ele falava tranquilamente, como se sua vida não fosse triste.- Então eu comecei a procurar os malditos, e quando achei, estavam no necrotério. Eram traficantes, e acabaram se ferrando.
Eu nem sabia o que dizer.
-Você não se sentiu sozinho?
-Não.- ele riu, gostando da nostalgia.- Nessa época eu encontrei Raka. ele tinha fugido de casa após agüentar muitos anos de violência. Tudo que ele tinha levado de casa foi a sua guitarra. Começamos então a tocar e cantar... E achamos Akai e Sora. Eles também estavam na rua, mas a situação deles era pior. Eles eram garotos de programa. Dormiam com quem aparecesse só para ganhar uns trocados.- enfim, ele pareceu triste.- Mas com suas economias eles compraram uma bateria velha e um baixo meio quebrado. E alugavam um quarto, onde todos nós nos alojávamos, e trabalhávamos vendendo de tudo na rua para pagar os gastos. Começamos então a tocar. Akai na bateria, Sora no baixo, Raka nos vocais e eu na guitarra... O resto você já sabe - ele piscou para mim, feliz.
-Vocês realmente tocam muito. É a primeira banda de rock que eu gostei.
-Você sabe o que quer dizer "The Dead Generation"?- ele perguntou.
-"A Geração Morta"... não é?- eu disse a tradução, mas nunca tinha pensado no significado.
-Exato. Uma geração morta, onde pais abandonam os filhos ou batem neles.
Uma geração onde crianças são garotos de programa. Uma geração onde os pais tem
preconceito contra os góticos. Uma geração morta, sem significado... E que todos da banda e você experimentaram. Foi daí que surgiu nosso nome.
Realmente, eu nunca achei que fosse algo tão profundo. Fiquei calada,
refletindo. Shinobu, se aproveitando de minha distração, se aproximou e me abraçou. Do jeito que eu estava, não fiquei envergonhada. Tudo o que eu precisava agora era de
calor humano.
-Porque você não fica aqui?- ele perguntou.
-Está falando sério?
Sua resposta foi incrível. ele simplesmente me beijou sem nenhum aviso. Foi uma explosão de sensações, foi tão maravilhoso... Quando ele parou, riu de minha cara, que deveria estar realmente engraçada.
-Que cara é essa? É só um beijo.
-Bem... É que foi o meu primeiro...- eu confessei, sem jeito.
-Sério? Me desculpe, devia ter te perguntado...- ele também ficou sem jeito.
-Você deve beijar todas as suas fãs, não é?- acusei
-Não mesmo, eu não sou como o Raka- ele riu.- Mas quando vi você no show, gamei a primeira vista...
Caramba, ele falava isso sem ter vergonha. Como pensei, minha cara no show devia mostrar o quanto eu babava por ele. notando que eu estava petrificada, ele deu um empurrãozinho.
-E, pelo jeito que você me olhava, você também gostou de mim, né?- NA
LATA!!!
-Sim,- respondi, corando como um pimentão e escondendo meu rosto. Ele
gargalhou.
-Você sabe tocar guitarra?
-Heeim?- o que isso tem a ver?-Claro que não.
-Bem, então vamos ter muito tempo para eu te ensinar.- ele explicou.- Você vai ficar aqui, não é?
Ele já estava se gabando por eu cair na dele.
-Sim, vou ficar.- eu disse, perdendo a vergonha.- Você precisa de uma mulher para limpar essa bagunça. Mas eu sou uma moça direita, e não "fico" com ninguém. Sabe do que eu falo, não é?
Ele entendeu.
-Tudo bem, tudo bem...Senhorita Jade, aceita namorar comigo?
Eu ri do modo que ele falou.
-Sim. Com toda a certeza!
E nós dois rimos. Ficamos então a noite inteira acordados. Conversando.
Rindo.
E nos beijando.
Ás vezes, é bom compartilhar um pouco de carinho.
Capítulo 2
- Spoiler:
Sabe quando você sonha com algo tão bom, mas tão bom que tem medo de acordar e ver que perdeu tudo? Bem, eu estava com medo de que isso acontecesse.
Uma luz quente e forte bateu na minha cara de repente. Resmunguei qualquer coisa, tentando proteger meus olhos sonolentos da luz do sol. Quem diabos tinha aberto essa cortina?!
-Hora de acordar, dorminhoca.
Pulei da cama com um susto. Ah, eu realmente não estava sonhando. Eu dormi na casa de Shinobu essa noite. Putz, não acredito que tinha esquecido e reclamei da cortina na própria casa dele. Ele estava lindo como sempre, já com seus cabelos arrumados. Os meus deveriam estar péssimos.
-Desculpa, acho que dormi demais - me desculpei. Notei a coberta no outro canto da sala, e percebi o quanto o atrapalhei. - Você dormiu no chão?
-Sim, você não gostaria muito se nós dois dormíssemos no futon, né? - ele riu.
Bem, eu pouco me importaria, para dizer a verdade.
-Foi mal, te faço dormir no chão, reclamo da janela, acordo as... as...- fiquei pensando. - Que horas são?
-Oito e quarenta e cinco, - ele disse.
Ah, oito e...
-MERDA! - gritei a ponto de assustar o homem. Hoje era a volta as aulas, depois das férias de meio do ano. Caraca, esqueci completamente, e a primeira aula já estava acabando!
Corri feito louca para minha mala, peguei meu uniforme totalmente amassado e fui para o banheiro. Shinobu gargalhava.
-Haha, hoje é a volta as aulas, né? Pergunto-me se deveria ter te acordado junto comigo, ás sete em ponto - ele debochou. Cretino.
-Não brinque comigo, vou levar uma bronca do professor! -reclamei enquanto arrumava as pressas, saindo do banheiro. Passei em frente a Shinobu, e pensei algo que me fez parar, mesmo tão atrasada. Fiquei olhando para a cara dele, e perguntei.
-E você? Porque não foi para a escola? - ele deveria ter mais ou menos minha idade, ainda deveria estar estudando.
-Ah, eu não freqüento a escola.
O que??!!
-Você... É burro?
-Ei! Não me chame assim. Eu apenas não tive a oportunidade, só isso.Eu cresci nas ruas, lembra? Apenas fiz o ginasial...
-Você VAI para a escola, - eu exigi. Ele fez cara de assustado. - Eu não namoro gente burra. Vire-se para arrumar alguma vaga por aí.
-Ei, não é tão fácil assim, você tem que arrumar papéis, conseguir autorizações...
-SE VIRA, EU DISSE. E se os outros da banda também são analfabetos, isso serve para eles.
Ele pareceu como uma mistura de decepção, vergonha e susto. Por algum motivo, ri mentalmente.
-Ok, ok, vou procurar.
Bom mesmo. Peguei minha bolsa já com os materiais e fui correndo para a porta sem dar tchau.
-Que nojo, você não vai escovar os dentes? - ele disse, fazendo cara de nojo e divertimento.
A resposta foi uma borracha na cara dele.
Quando cheguei na escola, o meu relógio já marcava oito e meia. Olhei pela janela da minha sala, e notei que a professora Eliza já passava sua ladainha de matemática na lousa. Acenei para Angela e entrei pela porta de trás da sala meio que agachada. Mesmo assim, os risos de uns inconvenientes chamaram a atenção da professora, que me arremessou seu livro pesado. Sim, ela gostava de fazer isso.
-Atrasada em seu primeiro dia, senhorita AnnaFellows? - ela perguntou mexendo em seus óculos. Aí sim, a sala toda riu. - Já que chegou quarenta e três minutos atrasada, acho que não vai se importar em ficar o mesmo tempo na diretoria mais tarde.
-Sim senhora, - fui emburrada sentar do lado de Angela. Sério, eu odiava aquela escola. Aliás, odiava aqueles alunos.
Afinal, imagine ser aquela garota que senta lá no fundinho da sala, é uma nerd que só fica lendo livros românticos o período de aulas inteiro e é alvo de chacota de toda a classe. De toda a escola, na verdade. E a minha amizade com Angela só faz isso piorar.
-Dormiu tarde, Jade? O que estava fazendo para dormir tão pouco heim? - Angela perguntou, rindo e cochichando.
SE EU CONTASSE, VOCÊ NÃO IA ACREDITAR!
-Mais tarde eu conto - disse apenas. Não queria que ela gritasse na sala de aula. - Só te digo uma coisa, obrigado por sair de férias.
Ela não entendeu, apenas riu e ficamos quietas até a hora do intervalo. Fui arrumar a bagunça que estava meu armário, e Ange apareceu me interrogando.
-Eu sinto cheiro de fofoca! Vamos, o que aconteceu ontem a noite!?
-Se qualquer pessoa da face da Terra, não, do universo, souber o que vou te falar agora, eu juro que te mato, Ange - falei sério na ameaça. Deus me livre disso chegar aos ouvidos de meus pais.
-Nossa, você está me assustando! O que é, você não começou a vender drogas, né? - brincou. Eu respirei fundo e contei tudo para ela em um jato de palavras que nem Einstein conseguiria decifrar.
-EUDORMINACASADOSHINOBUEAGORAESTAMOSNAMORANDO!! - cuspi. Foi bom eu ter esperado até o intervalo. Como pensei, Angela soltou um grito tão alto que fez algumas pessoas pularem e uma garota derrubar seu sanduíche no chão. Eu já estava acostumada.
-O que você disse?! Jesus, Maria e José! Para o mundo que eu quero descer! - eu estava com medo que ela realmente tivesse alguma coisa ali no corredor. - Eu acompanho aqueles caras desde seu primeiro show, e nunca nem toquei um deles! Como você em um dia...
-Ele me salvou de alguns tarados, - comentei. - Então ele me convidou para sua casa, já que eu não tinha para aonde ir. Bem, acho que posso dizer que tenho sorte, - sim, seria bem cômico se me considerasse com sorte. Angela estava frenética de emoção, dava para ver sua tremedeira de longe. Ri vendo o quanto minha amiga era fraca com aqueles caras.
-Ei, sabe o que o Shinobu me contou? - fiz ar de suspense, o que a deixou mais tensa ainda. - Ele disse que você é a fã favorita do Raka.
Agora sim, segura que lá vem madeira! Angela começou instantaneamente a chorar, colocando a mão na boca e sorrindo ao mesmo tempo. Tive medo que ela realmente desmaiasse, mas tudo que ela conseguiu fazer foi gritar novamente.
-The Dead Generation é a melhor!!!!
-Claro que é, sua estúpida!
Quem?! Ambas olhamos para trás e damos de cara com a pessoa que realmente não queríamos ver. Angela retomou sua postura ao ver nossa pior inimiga. Victoria estava no seu visual metaleira como sempre. Cabelos curtos negros com apenas uma mecha vermelha, camiseta cinza bem rasgada (que por sinal, deixava seus peitos bem visíveis) e calça jeans folgada. A outra roqueira da escola, além de Angela, e que odiava nós duas.
-Ninguém te perguntou nada, Victoria - eu disse logo. Não estava a fim daquele jeito esnobe dela - Caia fora, o papo ainda não chegou por aí.
-Quando o papo é sobre MEUS GAROTOS e a banda deles, sim, a conversa me importa, - ela rebateu. Putz, eu odiava aquela garota. Apenas porque ela também gostava da The Dead Generation, vivia enfrentando Angela. Para mim, tanto faz, afinal, eles tem tantas fãs...
-Sai dessa, VicViper - Ange debochou com o apelido "carinhoso" que nós colocamos nela. - Afinal, estamos mais próximos deles do que você pensa, hehehe...
Ange pegou minha mão e saímos correndo dali, antes que a bruxa começasse a dar piti. Eventualmente ela e minha amiga se pegavam pelos cabelos. Eu estava acostumada com isso.
-Não ligue para aquela bruxa feia - minha amiga disse quando sentamos na mesma mesa no refeitório. - Depois de um tempo, ela se toca e para de ser tão esnobe. Agora me diga, o que você vai fazer agora?
Ela tinha a feição preocupada, o que não era normal para uma adolescente rebelde que nem a Angela.
-Como assim? - eu realmente não tinha entendido.
-Jade, estou muito feliz e tal pelo seu namoro com o Shinobu, mas... Você e ele são apenas adolescentes, e não é fácil assim vocês viverem juntos. - pela primeira vez na vida, Ange realmente parecia se preocupar com algo. - Você não tem um emprego, ele depende da situação turbulenta da banda... E se você acha que seus pais vão deixar isso como está, o rock está fundindo seus neurônios. - a parte dos pais saiu como um deboche. Bem, eu realmente não havia pensado em nada disso.
Afinal, seria como se Shinobu e eu fossemos casados, e nenhum de nós tínhamos dinheiro para pagarmos as contas. Eu nem sabia como Shinobu sobrevivia, aliás. Tentei não pensei em coisas como roubo e furto.
E meus pais... Bem, acho que eles realmente teriam um treco.
-Eu vou arrumar um emprego, - eu disse. - De meio período, não deve ser tão difícil...
Angela bufou. Esqueci completamente o que ela passou por causa da palavra emprego. Sua família não era melhor que a minha, no fim das contas. Ange já ficou sem comer por um dia inteiro, por seus pais jogarem na cara dela que ela apenas dava prejuízos e gastos. Mandaram ela arrumar um trabalho quando tinha quatorze anos, e claro que ela não conseguiu. Ange realmente passou por maus bocados por causa do dinheiro.
-Você sabe que não assim. Uma colegial como você não vai conseguir algo decente para sustentar duas pessoas, aliás, nem uma só.
-Putz, falha minha Ange. Desculpa, eu devia saber que não é fácil... -me senti péssima vendo Angela realmente triste ao lembrar do passado. Vendo minha preocupação, ela tratou de sorrir novamente; era um péssimo hábito dela esconder sua dor.
-Ei, qual são s chances de você me apresentar para a banda pessoalmente?! - ela perguntou agitada. Eu ri alto com a súbita mudança de humor.
-Tudo bem, tudo bem. Vamos passar na casa dele depois da aula...
Angela me abraçou tão forte que quase me enforcou. Eu gostava de ver ela assim feliz, já que Angela estava sempre tão triste.
-Obrigada, Jade! Você é a melhor amiga do mundo!
Como prometido, eu e Angela fomos para a casa do Shinobu depois da escola. Ela se agarrou no meu braço direito e não soltava. Ok, eu gosto de afeto e carinho, mas não tanto!
-Ei Jade, o que acha de minha roupa? Estou bonita, né? Talvez eu devesse passar em casa...
-Você está LINDA, - interrompi logo, antes que precisássemos voltar bons quilômetros porque Angela acha que não está bem arrumada. - E se você visse o cabelo desarrumado de Shinobu, não iria ligar tanto para isso.
Ela riu alto com a imagem na mente.
-Você realmente tem sorte por ver essas cenas.
Andamos por mais alguns minutos, e finalmente chegamos a casa do Shinobu. Por fora, você não daria nem um real pela moradia. Era um prédio pequeno, com paredes sujas e bastante lixo pela frente. Peguei as chaves que meu namorado havia me dado noite passada, e abri a porta olhando por uma fresta pequena. Quando abri toda a porta, tive uma surpresa.
Toda a The Dead Generation estava sentada na sala de estar. Ange abriu a boca em um formato oval que nunca achei possível ficar, e deixou cair sua bolsa.
-Yo, olha aí a garota que manda no Shin! - Raka gritou o me ver. - É isso aí, ele é burro, a gente não.
Entendo, acho que deveriam estar surpresos por eu estar mandando no Shinobu no primeiro dia de namoro. Pensando assim, é verdade! Nada folgada, heim?
-Seja bem-vinda de volta, Jade - apenas agora vi Shinobu, que estava sentado atrás da roda. Eles jogavam algum jogo de cartas. - E que criatura petrificada é essa atrás de você?
Putz, esqueci da Ange. Virei-me para ver, e minha colega estava branca.
-Angela?! Angela, respira! - eu disse, chacoalhando minha amiga levemente. Após rir por alguns instantes, Raka levantou-se e andou em nossa direção.
-Acorde, princesa. - e incrivelmente, ele pegou Angela pelos braços e beijou levemente sua bochecha. Ao mesmo tempo que a garota voltou a si, começou a chorar. Todos riram alto, inclusive eu.
-E então, o que estavam aprontando? - eu perguntei. Agora todos estávamos sentado em um círculo, no sentido horário, Akai, Sora, Ange, Raka, eu, e Shinobu.
-Estávamos vendo isso, - meu namorado jogou um panfleto na minha frente. Peguei e vi que se tratava de um evento musical.
-"Grand Rock Week" - li o título em voz alta. - "O maior festival de bandas iniciantes e independentes. Shows de estilos diferenciados em um semana inteira."
-Sim, uma banda rival vai participar, - Sora disse com sua voz de criança. Ele apontou para um nome em específico. Vanguard Blood, estava escrito.
Uau, saber que The Dead Generation tem um rival me fez ficar um pouco surpresa.
-Ah, então o Bob está vindo para o cá?!- Ange perguntou.
-Bob? - eu estava confusa.
-É um amigo nosso, e o vocalista da banda. Nós nos conhecemos no mesmo tempo em que formamos a nossa banda, e ele formou a dele. - Raka explicou. - Angela, você já foi em um show deles, certo?
-Sim! - ela disse animada. - Eles são muito bons também, mas o estilo é um pouco diferente.
-De qualquer forma, veja isso! - dessa vez foi Akai que colocou o dedo em um nome no panfleto. Li em voz alta, "Girls Bravo!". - A banda da ex-namorada do Shinobu também está vindo!
Meu namorado engasgou com saliva.
-Ah, a Anna também está vindo! Que bom, faz tempo que não ouço Girls Bravo! - Ange bateu palmas.
Caramba, havia algo que Ange não sabia??!! Dei um tapa nas costas de Shinobu para parar a tosse fingida dele. Ele me olhou de lado.
-Bem, eu não disse sobre isso, veja bem, não deu tempo e.... - ele estava muito nervoso.
-Eu não perguntei nada, - disse friamente, e ele gelou. - Aliás, conversei com Ange essa manhã, e decidimos que será melhor se eu voltar para minha casa. Afinal, somos dois pirralhos.
Levantei-me sem dizer nada e fui arrumar minhas malas. Consegui, mesmo estando longe, ouvir Raka debochando de seu colega.
-Nossa, já deu B.O.? - ele levou um tapa leve do Shinobu.
-Tenha calma Angela. Se é por causa da Anna...
-Não é isso, eu nem estava pensando nisso, - eu disse. Mas era mentira. Eu não sei porque estava com tanto ciúme de uma garota que nunca vi. Putz, só de pensar que o Shinobu tinha uma ex, e que ela estava vindo para cá... Fiquei nervosa. - É porque ainda não somos independentes para vivermos sozinhos. Vou passar um tempo na cas dos meus pais, depois nos falamos.
Ele ficou quieto, o que me doeu um pouco no coração. Peguei minhas coisas, me despedi de Ange e dos outros meninos, e fui para casa sem dizer mais nada.
Narração Angela
O que foi isto?
Mais do que eu, Shinobu estava com cara de que não havia entendido muita coisa. Raka se divertia, e Akai e Sora já se entretiam com outra coisa.
Que merda! Será que fiz mal ao falar aquelas coisas para a Jade? Tudo o que falta é acabar com o namoro entre os dois.
-Se deu mal, Shin! - Raka jogou na cara sem nenhuma cerimônia. - Eu te falei para esquecer a Anna.
-Eu já esqueci! - o guitarrista gritou, perturbado. Meu vocalista predileto se divertia. Ele levantou, e com pouca força, moveu uma pequena estante da parede. Isso revelou um pôster de Girls Bravo! com Anna em destaque.
-Maldito, esconda isso! - Shin gritou, indo até a peça e rasgando com força. - Eu esqueci de tirar, apenas!
-Shinobu, você não está com jogo duplo, certo? - interroguei. Mesmo sendo meus heróis do rock, eu não iria perdoar ninguém que machucasse minha amiga.
-Shin, eu acho muito estranho você e essa garota começarem um namoro assim, do nada. - Raka parecia sério, pela primeira vez hoje. - Não é bom brincar assim com suas fãs.
Ambos ficaram quietos, e o guitarrista agora parecia nervoso.
-Quem é você para falar alguma coisa, Raka? Você adora levar as garotas que vão para o show para sua cama, no mesmo dia que as conhecem.
-Inveja agora, só porque eu sou o membro mais querido?
A situação estava bem tensa. Senti como se ambos estivessem prestes a cair em socos. Akai e Sora observavam tudo como filhos que olham os pais brigarem. Shinobu começou a olhar para mim como se tramasse algo.
-Como se eu me importasse com aquela garota, - ele disse. - Eu tenho garotas por aí me querendo para dar e vender. Até parece que irei correr atrás de uma.
Não agüentei, e dei um belo tapa em sua bochecha direita. Isso assustou até Raka.
-Escute. Vocês são bonitos, tocam bem, e fazem sucesso. Mas não são melhores do que ninguém. - eu falava com uma autoridade que não sabia que tinha. Shinobu parecia amedrontado. - Não vou deixar que falte com respeito a minha melhor amiga. Ela não é uma vagabunda qualquer, como as garotas que você leva para seu quarto.
As palavras jorraram na cara dele, e saí daquele lugar rapidamente.
Putz, eu estava frustrada. Nunca pensei que os caras que sempre idolatrei fosse esse tipo de gente. Eu já deveria saber, afinal. Eles só devem pensar em dinheiro, e em mais nada.
-Com eu sou emo, - eu disse sozinha na rua, ao notar que as lágrimas desciam. Eu me sentia triste pela Jade. Eu iria proteger minha amiga como se fosse uma filha.
Eu não deixarei ela passar pela dor que eu já passei por amor.
Capítulo 1
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Aqui! (em PDF)
Capítulo 2
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Aqui! (em PDF)
Bem, é isso...
Leiam e comentem! XD
Última edição por RA(in) VampS em Seg 28 Mar 2011, 16:08, editado 1 vez(es)
Qua 29 Fev 2012, 03:16 por Super Tifa
» Lancei o mMEU LIVRO, e voltei a CB
Ter 27 Set 2011, 13:01 por capitaoryu
» Queimando em fogo (Vou parar de postar aqui por quê ninguém comenta!)
Sáb 10 Set 2011, 23:02 por Shadow_Hunter
» Suas lagrimas estão caindo
Seg 05 Set 2011, 21:01 por Shadow_Hunter
» Oi denovo,"
Seg 05 Set 2011, 20:59 por Shadow_Hunter
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Qui 25 Ago 2011, 11:05 por Shadow_Hunter
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